Reforma é um nome cruel. É muita gente pobre e adoecendo. É beleza humana morrendo por falta de coisa básica que tá ali, do outro lado da porta de vidro.

Reforma é dor de mãe que perde filho morto, de quem vê os mais velhos humilhados, de quem considera o risco e a morte como alternativas, não só como possibilidades.

Gela a garganta, faz pensar em criança triste culpada por nascer. Faz pensar que a ponta mais vitimada vai receber mais do menos. A carne mais barata não vai nem conseguir se vender.

Fogo e amor. Ódio e cuidado. Abraço e vidraça estilhaçada. Morte aos bancos, vida longa aos Ilês! A história se repete, fecha as mesmas portas, despeja do quarto dos fundos quem mal chegou na sala de visitas.

Não importa. Sobreviver e ser feliz, juntos, vai ser a vingança. Isso e o pé na porta. Que o machado de Xangô nos dê discernimento e força pra assumir o que é nosso.