Um artigo de Alvaro Bianchi, professor da Universidade de Campinas (Unicamp), publicado originalmente na revista Cult com o título Machiavelli demoníaco, analisa aspectos da obra do pensador florentino Nicolau Maquiavel. Ao tratar do “antimaquiavelismo”, que considera uma reação conservadora, Bianchi conclui: “Maquiavel não ofendeu muitas almas sensíveis e piedosas que consideravam aberrante seu realismo político. As pessoas que se sentiram ofendidas eram, em sua maioria, representantes dos poderes políticos e eclesiásticos dominantes. Se tem algo que elas nunca perdoaram em Maquiavel não foi aquela máxima que recomendava ao príncipe ser temido, ou a outra que dizia para usar bem a crueldade, ou ainda aquela que prescrevia realizar as injúrias ‘todas juntas’ e os benefícios ‘pouco a pouco’. A Igreja da Inquisição não precisava do florentino para saber disso, e os jesuítas, seus adversários ferrenhos, não estavam muito dispostos à autoacusação. O que nunca perdoaram em Maquiavel foi a afirmação de uma moralidade laica, mundana e feroz, que via no povo o guardião da liberdade e nos grandes a fonte da dominação e da opressão. Essa é a verdade do antimaquiavelismo e essa é a lição do secretário florentino para nosso presente, para um tempo no qual a liberdade se encontra sob ameaça. E é por isso que para os grandes ele continuará sendo sempre demoníaco”.

 

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